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Redução de custos dos carros populares: o que realmente está acontecendo?

O plano anunciado pelo Governo Federal para aliviar a carga tributária sobre automóveis de até R$ 120 mil teve forte viés político e mostrou uma lamentável descoordenação ao não detalhar de imediato por quanto tempo será válida (ora se fala em quatro meses, ora em um ano).

Também não se resolveu a questão de financiamento. O mercado que estava em ritmo razoável, parou quase completamente. Já comentei aqui não ser possível recriar a categoria de “carro popular” nos tempos atuais, considerando as exigências de emissões e segurança. Modelos “pelados” de 1993 custam hoje R$ 80 mil só com a atualização monetária.

Note que o problema atual de baixas vendas da indústria automobilística é mundial, ainda um reflexo da pandemia da covid-19. Por outro lado, o Brasil tem a maior taxação média do mundo para automóveis. Então o corte de impostos anunciado entre 1,5% e 10,79% (do mais caro ao mais barato) funcionará como estímulo, porém, o reflexo maior nas vendas deverá ocorrer se for oferecido financiamento a juros menores. Há informações desencontradas ou especulativas a exemplo de autorização de uso parcial do FGTS, embora isso exija mudar a lei (por Medida Provisória) que estabelece sua utilização apenas para aquisição de imóveis.

Logo após o anúncio precipitado do corte de impostos, faltando pormenores, houve

opiniões estapafúrdias repercutidas pela imprensa. Uma delas indicava ser “absurdo dar estímulos a carros com motor a combustão em um governo com discurso ecológico”. Falta coerência porque carros elétricos já têm um polpudo incentivo de 35% sob forma de isenção do imposto de importação, e também desconto de IPI e IPVA (este em alguns Estados).

Agora nos resta aguardar para observarmos a real redução de impostos que estava na promessa.