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Recuperação das autopeças e do setor automotivo pós-covid

O ano de 2020 certamente será lembrado como um dos momentos mais dramáticos da história mundial, marcado pelas inúmeras fatalidades, pelo terror e por uma das maiores crises econômicas da atualidade. Seis meses após o primeiro caso de Covid-19 no Brasil ser confirmado, o país ainda está longe de se recuperar completamente da crise econômica que pegou os comerciantes e trabalhadores da indústria de surpresa. 

A necessidade de uma quarentena e da adoção de medidas rigorosas de segurança obrigaram empresas do mundo inteiro a paralisar suas operações ou a operar com equipe e jornada de trabalho reduzidas, além de dificultar a importação e exportação de peças e matéria-prima. Para alguns setores, essas mudanças foram tão repentinas e nocivas  que causaram o fechamento das portas.

 

Os impactos da crise no setor de autopeças

A indústria de autopeças sentiu os efeitos da crise antes mesmo da pandemia chegar ao Brasil, já que os maiores fornecedores, são a China, país onde originou o vírus, Japão e Coréia do Sul, que já tinham sido afetados pelo Covid-19 antes mesmo da ameaça chegar ao ocidente. Após a confirmação da pandemia por aqui, o setor também precisou paralisar as atividades temporariamente e readequar os métodos de produção ao novo normal.

Redução de salários, aumento da taxa de desemprego e menor necessidade de locomoção: essa era a receita para uma queda brusca no faturamento do setor automotivo pós-covid. Acreditava-se que mesmo os amantes de automóveis teriam outras prioridades, portanto, nos primeiros meses de pandemia parecia improvável que a recuperação do setor pudesse iniciar antes de um período de cinco anos.

Segundo o Sindipeças, a crise na indústria de autopeças atingiu o pico em abril, fechando com um faturamento 81,6% menor que no mês anterior e com uma taxa de ociosidade nas fábricas de 59%. Porém, apesar da improbabilidade de que os mesmos níveis de faturamento de antes da pandemia sejam atingidos tão cedo, os primeiros sinais de recuperação já começam a aparecer.

 

Primeiros avanços na indústria de autopeças

Enquanto a procura por veículos novos e semi-novos caia, a procura por peças de reposição crescia no Brasil. É possível que o número tenha aumentado durante a quarentena devido a alta demanda de serviços de entrega domiciliar, o que consequentemente aumenta a periodicidade de manutenção dos veículos.

Mas o ponto principal que impediu o declínio do setor automotivo pós-covid foi a opção das montadoras pela continuação de projetos futuros, mesmo com a necessidade de seguir as novas diretrizes de produção, assim, novos modelos ou renovações de modelos atuais que serão lançados em um futuro próximo já começaram a ser desenvolvidos.

 

Readequação do setor automotivo pós-covid

O investimento em novas tecnologias foi uma forma do setor automotivo não perder a relevância durante o período, afinal, oferecer produtos com pequenas mudanças tecnológicas e apelo estético não seria mais o suficiente para convencer quem foi afetado pela crise econômica a realizar a troca de veículo. 

Mas mesmo com o foco em criação, a aposta em melhorias de tecnologias existentes que não eram vistas como prioridade pelas fabricantes e tornaram-se muito relevantes neste ano, como uma ventilação automotiva mais saudável, também foi herança da pandemia.

Outro ponto que precisou ser repensado foi a cadeia de suprimentos, pois a dependência de peças importadas da China foi um dos fatores que mais contribuíram para o breve declínio do setor de autopeças brasileiro. O investimento em fontes alternativas e próximas deve aumentar consideravelmente daqui pra frente.

Segundo as estimativas, se o mercado automotivo conseguir se manter no nível que está hoje, é possível que a queda no faturamento em 2020 seja 20% menor do que era esperado no início da pandemia. Não é o ideal, mas considerando que as projeções negativas de seis meses atrás já foram superadas, podemos manter as esperanças de uma recuperação razoavelmente acelerada para o setor de autopeças brasileiro.